Eles eram como convidados de uma festa, mas que chegavam aos poucos. Eram festejados, admirados, elogiados. Não era possível tocá-los. Mas sua beleza aumentava a cada dia. Nas mãos de hábeis cenógrafos- arquitetos, os prédios de Nosso Lar viraram grandes atrações durante a fase de pré-produção do filme. Cada pessoa que entrava na base de produção não resistia e dava uma espiada naquelas plantas, maquetes de trabalho, esboços de desenhos por sobre as mesas. Um espanto só. A diretora de arte, Lia Renha, o cenógrafo Marcus Ranzani e todos os mais de 15 profissionais que mergulharam sobre as pranchetas ficavam ao redor. Quase que tomando conta...

Uma pequena parte da equipe de arte ao redor do projeto principal da cidade
Hoje, ao vê-los prontos na tela do cinema, aqueles prédios que representam os ministérios, o palácio da governadoria, a área residencial, as escolas, as fábricas, provocam a mesma sensação de antes: fascínio, leveza, fluidez. Exatamente como Lia Renha dizia quando eles ainda estavam embrionários com sua equipe. Sua primeira "inspiração" veio logo nas primeiras reuniões. Chamou o diretor Wagner de Assis e disse: "a arquitetura dos principais prédios dessa cidade tem leveza, fluidez, simplicidade, assim com os trabalhos dos arquitetos Oscar Niemeyer e Santiago Calatrava". Foi apenas uma inspiração. Nada além disso.
A diretora de arte Lia Renha
Ao vermos nos jornais os dois gênios da arquitetura juntos no Rio de Janeiro, nós, da produção, tivemos uma doce confirmação: a sintonia que permeou o trabalho da diretora de arte estava no ar, pairando por sobre a Cidade Maravilhosa e, quem sabe?, por sobre Nosso Lar.