Um exercício de memória, desses de final de ano, nos trouxe a realidade de aspecto quase transcendental - o tempo parou nas nossas vidas. Não conseguíamos distinguir coisas que tinham acontecido em 2008, 2009 ou nesse ano que finda. Todas, claro, relacionadas a produção do filme Nosso Lar. E assim começamos a entender a medida das coisas que envolvem este projeto que deu seu primeiro passo com Nosso Lar.
Já fizemos muitas avaliações do mesmo. Pessoais, sociais, mercadológicas. Todos os dias, porém, elas ganham algum adendo, um novo comentário furtivo, um email testemunhal, mesmo uma nova forma de olhar a história e seu tema tão intensos. São novas perspectivas sobre o projeto no qual trabalhamos - no caso do Wagner - por 5 anos seguidos, e sobre o qual nunca teremos a "conclusão final", até porque ela não existe. Fazer cinema é, também, saber lidar com a eternidade de um filme. Depois de pronto, ele viaja, pra sempre, nos meios de comunicação conhecidos, nos que serão inventados, mas também, e principalmente, na memória dos seus espectadores.
Temos lições e aprendizados que nos apontam claramente erros e acertos. Temos, também, as relações pessoais de uma grande equipe que se juntou sorrindo e, esperamos, em sua grande maioria, se separou chorando saudosa pelo próximo encontro. Hoje, sabemos um monte de coisas a respeito do público que foi ver o filme nos cinemas. São surpresas e confirmações. Paixões e desprezos. Interesses e interessados. E, agora, o tempo que havia parado parece recomeçar a mover-se de maneira tradicional. Temos novos desafios pela frente. Como será o próximo filme? Que história de bastidores começaremos a escrever a partir de agora? As telas estão em branco. Nossas mentes também.
O fato é que o ano vai mudar e o filme Nosso Lar não vai parar – há todo o trabalho com as próximas "janelas" de exibição, a começar pelos DVDs, pelas TVs a cabo e aberta e, também importante, pelo mercado internacional. Estamos trabalhando muito para que o filme possa pisar em tantos países quanto possível. Já há negociações em andamento, sobre os quais falaremos em breve. Há desejos e projetos, como a trajetória dele na América do Norte – onde intentamos realizar também uma campanha que possa "unir os brasileiros que vivem no exterior por um sentimento de brasilidade único, a espiritualidade".
Foi um ano especial e esse post deveria ser apenas um texto simples sobre ele, pra não complicar muito as coisas mesmo. Mas como falar sobre um ano que se mistura em cinco? Como pensar num tempo que se mede em estágios de produção, em dias no frio, em centros espiritualistas visitados (mais de 75), em madrugadas insones, em alegrias e angústias criativas? Como contar um tempo que virou seu calendário no dia 3 de setembro? E cujo relógio foi marcado por números de espectadores e os risos e lágrimas que pontuaram seus rostos?
Enfim, 2010 vai embora e com ele vai um tempo que só existe na nossa memória - nossa, incluindo cada pessoa que entrou no cinema para ver este filme. Temos um sentimento que marca o ano - gratidão. Por vocês, que fizeram esta história, seja nos
bastidores, seja nas salas de cinema, aqui registramos a nossa gratidão.
É... os tempos chegaram mesmo. 2011, seja bem vindo!
A produção do filme